Meditando no livro de Amós, sempre nos deparamos com versículos comumente conhecidos e falados entre os cristãos, tais como:

   1- "Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?", ou

  2- "Certamente, o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas".

        Esses versículos, além de belos e muito instrutivos, são bem reconhecidos entre aqueles que se intitulam crentes/ evangélicos. Entretanto, há mais verdades preciosas no livro de Amós que tão pouco, ou ousaria até dizer, que nunca são ensinadas ao povo de Deus. Afirmo tal premissa baseada no fato de em 18 anos de conversão, nunca haver escutado nem uma só pregação que tivesse abordado o conteúdo que o Senhor trouxe ao meu coração nessa manhã, dia 15/05/2015.

       Permita-me, leitor, apresentar-lhe um versículo que a maioria se leu, o fez de forma en passant. Ele está em Amós 1:11: " Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Edom e por quatro, não sustarei o castigo, porque perseguiram o seu irmão à espada e baniu toda a misericórdia; e a sua ira não cessou de despedaçar, e reteve a sua indignação para sempre "

      Meditando nesse livro, e em especial nesse versículo, o Espírito Santo de Deus trouxe muitos ensinamentos para meu viver. E eu gostaria de compartilhá-los com quem interessado estiver.

       Os dias atuais são muito maus e cheios de sinais da volta de Cristo, porém, em vez de vermos as igrejas andando em unidade em prol de propagar a mensagem do evangelho e servir ao Senhor de todo coração para que em sua volta possa escutar "E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. Mateus 25:21", o que vemos acontecer é totalmente o contrário a isso: estamos andando sem acordo, sem unidade, sem caminharmos no mesmo espírito e seguindo o amor! 

       Reconheço a profecia que diz que nos últimos dias o amor de muitos esfriaria; todavia conheço também a passagem que diz "Continue o injusto a praticar injustiça; continue o imundo na imundícia; continue o justo a praticar justiça; e continue o santo a santificar-se" Apocalipse 22:11.  Não podemos, e não devemos nos igualar ao comportamento daqueles que esfriaram. Devemos andar na contramão disso, pois por conta desses erros, há muitos entre nós doentes, outros morrendo e outros ainda se afastando da verdade cada vez mais e mais. Por conta de erros como esses, oramos e parece que não obtemos respostas, como se o Senhor estivesse surdo. Não obstante, posso garantir que o Guarda de Israel, que nunca dorme ou dormita, e por certo não está surdo. Nossas orações não são atendidas porque não passam do teto de nossos quartos, de nossas casas, de nossas igrejas! Mas por que isso?

1-  "porque perseguiram o seu irmão à espada". Perseguimos uns aos outros dentro da Igreja, não aceitando a proporção de fé que cada um tem, e a manifestação individual da graça de Deus nos outros. Implicamos uns com os outros e emprestamos os nossos lábios para difamarem o ministério que Deus tem dado aos outros. Sentimos inveja e porfia e muitas vezes nem disfarçamos sentimentos tão detestáveis ao Senhor. Esquecemo-nos completamente do que a Palavra diz em: “Há seis coisas que o Senhor detesta; sim, há sete que ele abomina: olhos altivos, língua mentirosa, e mãos que derramam sangue inocente; coração que maquina projetos iníquos, pés que se apressam a correr para o mal; testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos.” Provérbios 6:16-19

2- "Banimos toda a misericórdia". Misericórdia Divina é Deus perdoar os pecados, apesar das faltas cometidas pelos pecadores. É a libertação do julgamento. Entretanto, embora supliquemos a Deus que tenha misericórdia de nós pelos nossos pecados, não exercemos a misericórdia com nossos irmãos, esquecendo o que diz a Palavra de Deus  em : "Pois desejo misericórdia, não sacrifícios, e conhecimento de Deus em vez de holocaustos." Oséias 6:6

3- "A ira não cessa de despedaçar".  Iramo-nos uns contra os outros e não pedimos ao Pai perdão por isso; ao contrário, vivemos com isso guardado dentro de nós, oculto talvez aos olhos dos homens, esquecendo-nos do que o Senhor exige de nós: "Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira; " Efésios 4:26

4-" Reteve sua indignação para sempre". Magoamo-nos, e vemos facilmente as falhas nos outros, mas nunca em nós mesmos! Além de sermos cegos, retemos indignação pelos outros irmãos para sempre. Nunca liberamos perdão, nunca pedimos perdão. Preferimos mascarar nossos sentimentos  e vivermos cheios de pose dentro da igreja. Porém, Aquele que tudo vê, e de cujos olhos ninguém pode se esconder, tem diariamente visto o que está em nosso coração e, portanto, tem fechado os seus ouvidos às nossas orações. 

       Logo, depois de refletir algum tempo sobre esse versículo, e ver o quanto o Senhor está certo e nós errados,  nada é mais aceitável que fecharmos nossos olhos e elevarmos nossos pensamentos em oração ao Senhor, confessando nossa culpa, nossos pecados e suplicando perdão e misericórdia. Sabendo que Ele exigirá de nós a mesma medida de perdão e misericórdia em relação aos erros dos nossos irmãos em Cristo.

       Em suma, com o intento de ratificar a lição preciosa contida nesse versículo estudado, deixo para a reflexão nossa, uma das passagens mais conhecidas sobre o que ocorre conosco quando não liberamos perdão, e quando não exercemos a misericórdia, na esperança de que a começar em mim, a primeira pessoa para quem o Senhor dirigiu essa advertência, o Espírito Santo de Deus possa nos ajudar a obedecer à Palavra do Senhor, para que assim Deus ouça e responda nosso clamor. Fica a reflexão abaixo:

“Então Pedro, aproximando-se dele, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu hei de perdoar? Até sete?
Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete; mas até setenta vezes sete.
Por isso o reino dos céus é comparado a um rei que quis tomar contas a seus servos;
e, tendo começado a tomá-las, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos;
mas não tendo ele com que pagar, ordenou seu senhor que fossem vendidos, ele, sua mulher, seus filhos, e tudo o que tinha, e que se pagasse a dívida.
Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, tem paciência comigo, que tudo te pagarei.
O senhor daquele servo, pois, movido de compaixão, soltou-o, e perdoou-lhe a dívida.
Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem denários; e, segurando-o, o sufocava, dizendo: Paga o que me deves.
Então o seu companheiro, caindo-lhe aos pés, rogava-lhe, dizendo: Tem paciência comigo, que te pagarei.
Ele, porém, não quis; antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida.
Vendo, pois, os seus conservos o que acontecera, contristaram-se grandemente, e foram revelar tudo isso ao seu senhor.
Então o seu senhor, chamando-o á sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste;
não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, assim como eu tive compaixão de ti?
E, indignado, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse tudo o que lhe devia.
Assim vos fará meu Pai celestial, se de coração não perdoardes, cada um a seu irmão. "  Mateus 18:21-35